Opinião: A Rapariga que Sabia Demais (M.R. Carey)

A Rapariga que Sabia Demais de M. R. Carey
Editora: Nuvem de Tinta (2016)
Formato: Capa mole | 440 páginas
Géneros: Fantasia Urbana
Sinopse

ATENÇÃO: contém spoilers (mínimos, mas têm de existir para poder escrever sobre o livro)

Ok, como já disse milhentas vezes, zombies não são a minha praia. Mas este livro parecia interessante porque pensei que me mostraria algo novo no género. E mostrou; mais ou menos.

Reino Unido, futuro (próximo?). Melanie vive para os dias em que a professora Justineau dá aulas. Juntamente com uma turma de rapazes e raparigas, Melanie aprende as mais variadas coisas com diversos professores. Mas é aí que acaba a normalidade: a escola fica dentro de um complexo onde Melanie também vive... numa cela. Para sair, tem de ser amarrada a uma cadeira de rodas por militares; e é também amarrada que assiste às aulas.

Melanie não se lembra da sua vida antes da base mas sabe que se sente feliz quando a professora Justineau lhe lê contos e mitos gregos, especialmente o de Pandora: a mulher que abriu uma caixa proibida porque era o seu destino. Qual será o destino de Melanie?

Desde o início é bastante claro que a Melanie não é uma criança normal. Ela é um génio, compreende conceitos que a maioria das crianças de 10 anos não compreendem. Ao mesmo tempo, tem reações de criança, como apegar-se à figura maternal da professora Justineau.

O livro começou bastante bem. Todo o enredo está organizado de forma a que o leitor se questione acerca do propósito das experiências que ocorrem, muito obviamente, na base. Experiências com crianças... o que pode justificar isso?

O autor dá-nos a resposta em breve. E é aí que o livro descamba. Passa de mistério científico, de um desenrolar pausado e introspetivo da narrativa da vida de Melanie e dos que a rodeiam para luta pela sobrevivência e ação non-stop. Perde a sua profundidade aí. As personagens polarizam-se (em termos de apresentarem comportamentos estereotipados) e passa a ser mais um livro de fantasia urbana.

O final é extremamente anti-climático. Algumas pessoas acharam incrível, mas sinceramente, achei que era uma saída simplista, um corte abrupto.

No geral, um livro que poderia ter sido muito mais. Teve um começo forte, estava empenhada em descobrir o que se passava com Melanie, o mundo das personagens, como se justificava o que acontecia... mas tudo isto é abandonado quando as personagens abandonam a base. Algo desapontada, apesar de ter gostado da leitura. Só achei que este livro poderia ter sido mais especial se não tivesse tentado agradar a todos os tipos de leitores: a os que queriam mais ação e aos que queriam mais introspeção. Ficou ali no meio e acabou por não encher as medidas.

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